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Jun 2011

Cabaré de 5ª na Somese: Médicos relatam problemas da saúde pública para jornalistas

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"Essa é a primeira vez que um cabaré vem à Somese", brincou o médico Petrônio Gomes, presidente da Sociedade Médica de Sergipe, durante o almoço da última quinta-feira, dia 16, tendo como convidados os jornalistas e colaboradores do NósnoCabaré.comConvidados, mais conhecido como 'Cabaré de 5ª'. Na ocasião, vários assuntos ligados à saúde foram abordados, entre eles, a falta de médicos plantonistas no Hospital São José. "Se não tiver diarista, o paciente fica sem atendimento. A direção do hospital quer fechar a UTI porque não é economicamente viável", alertou Petrônio Gomes. Segundo ele, haverá audiência no Ministério Público Estadual (MPE), sobre as escalas médicas do hospital. "Existe uma obra para 28 leitos de UTIs no Hospital São José, desde o ano de 2006. Ou seja, há cinco anos, que essa obra está parada. O valor dessa obra foi de R$ 1 milhão, o Ministério da Saúde já repassou para a Prefeitura Municipal de Aracaju a totalidade. O pagamento, que foi dividido em cinco vezes, teve sua última parcela paga em setembro/2008, para uma obra paralisada desde 2006. Como isso é possível? Inclusive, a PMA já devolveu R$ 610 mil porque a obra não foi realizada", questionou Petrônio. CANCEROLOGIA O médico Virgílio Fernandes, presidente da Sociedade Sergipana de Cancerologia, ratificou os problemas enfrentados para diagnosticar corretamente o câncer de mama: "Dos 25 mamógrafos existentes em Sergipe, 17 servem ao SUS. Os aparelhos são de péssima qualidade radiológica como: os filmes são de má qualidade e saem com sujeira; indivíduos não capacitados estão dando diagnósticos. Já recebi uma paciente com cinco mamografias e cada uma com um resultado diferente", alertou. Para Fernandes, "não adianta o Governo Federal gastar R$ 4,5 milhões para fazer detecção de câncer de mama e credenciar serviço de péssima qualidade, dando diagnósticos errados". O médico ainda alertou para o fato de não haver uma vigilância sanitária: "Ninguém utiliza protetor de tireóide. Vocês que já fizeram mamografia, já usaram alguma vez? Claro que não. Isso é um absurdo", criticou. Segundo o médico Carlos Alberto, além dos aparelhos de mamografia serem de péssima qualidade, não é possível fazer o rastreamento do câncer de mama. "Detectar junto à população assintomática o câncer de mama é impossível no Brasil. Não temos condições para isso", revelou. O vice-presidente regional da Fundação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes - Fenad - e diretor executivo do Centro de Diabetes de Sergipe, Raimundo Sotero, criticou a falta de medicamentos para os pacientes portadores de diabetes e remédios para transplante. "O diabético tem direito ao medicamento, a insulina e aos materiais necessários. Isso é lei e, no entanto, não é cumprida. Deveria haver um plantão permanente na frente do Case e colocar uma placa bem grande: estamos há tantos dias sem remédio para transplante; estamos há tantos dias sem remédio para diabetes. Isso é caso de polícia", desabafou. Sotero informou, ainda, que "boa parte dos diabéticos não sabem que possuem a doença. Dos que sabem, 25% faz o tratamento corretamente. Isso, aliado a falta de medicamentos. É terrível". Ele credita ao ex-ministro Humberto Costa, a decadência da saúde no Brasil e critica a falta de compromisso dos gestores públicos. "Humberto Costa destruiu a saúde do país e não adianta esperar que prefeito e nem governador tenham diabetes porque muitos deles têm parentes doentes e nem isso toca o coração. Quando uma grande autoridade aqui precisou se operar, foi se operar aonde? Em São Paulo. E por quê? Nós não somos competentes? Somos sim. A nossa Medicina é boa. Agora, nossos governantes se acham superiores e vão pra fora se cuidar. Já o antigo rei momo de Sergipe, saiu morto do hospital por falta de cirurgia bariátrica. A fila de espera do SUS para esse tipo de cirurgia é de cinco anos", desabafou Soterro, concluindo que "o eco dos oprimidos sai através da imprensa".

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