Na reunião-almoço desta quinta-feira, 26 de setembro, que aconteceu na sede da Sociedade Médica de Sergipe, o tema foi “Centro Esperança de Deus”, obra transformadora localizada na região de Porto do Mato, Abaís, Município de Estância, fundado pelo padre austríaco Humberto Leeb, com a ajuda do povo da região e dos governos da Áustria e da Alemanha, em 1977. Convidados especiais para o almoço, o padre Leeb e a professora Geovana Lima foram recepcionados pelo secretário geral da Somese Lucio Prado Dias. Ao almoço estiveram presentes ainda o presidente da OAB-Secção Sergipe, Carlos Augusto Monteiro Nascimento, o presidente da Academia Sergipana de Letras José Anderson Nascimento, o secretário geral do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe José Rivadálvio Lima e a presidente do Lions Clube Aracaju Centro, Luzia Nascimento. Durante 30 anos o padre Leeb empreendeu na região do Porto do Mato, extremamente pobre e esquecida pelos poderes públicos, uma obra portentosa, tijolo a tijolo: o Centro Social Pastoral Esperança de Deus, graças ao trabalho incansável do padre e à ajuda financeira dos governos da Austria e da Alemanha, obtidos graças ao prestígio do padre Leeb nesses locais. Instituições filantrópicas daqueles países doaram equipamentos modernos para uma cozinha industrial e até instrumentos musicais para uma orquestra sinfônica. Foram instaladas escolas, igreja, ginásio esportivo, museu, campo de futebol, oficinas mecânicas, padaria, sorveteria, cemitério e até uma pousada, que ficou conhecida como a Pousada do Padre, que chegou a receber turistas do mundo inteiro. Todas as atividades necessárias para o desenvolvimento dos trabalhos eram exercidas pela gente da própria região. Datas religiosas e cívicas eram comemoradas festivamente. Festivais de músicas eram realizados no Centro com apresentação de grupos estrangeiros. Em 2008, o padre afastou-se do Centro por força da compulsória imposta pela Igreja e entregou a sua administração à Diocese de Estância. Lamentavelmente, desde então, o Centro foi ficando abandonado à própria sorte, passando por processo total de destruição. Na reunião desta quinta-feira, convocada pela Somese, ficou definido que a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe – comandará a luta pelo resgate do Centro Social Pastoral Esperança de Deus, em Estância, em parceria da própria Somese, a Academia Sergipana de Medicina, a Academia Sergipana de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e a Associação Sergipana de Imprensa. O Jornal Cinform recentemente publicou matéria denunciando que todos os projetos sociais realizados no Centro foram abandonados e a situação de descaso foi denunciada pela comunidade, que sente a falta dos trabalhos realizados pelo padre na região. De acordo com a publicação do Cinform, a obra hoje está em poder da Diocese de Estância, que poderia estar interessada em vender as instalações do centro, mesmo tendo assinado um termo de compromisso com o padre de que manteria preservadas todas as atividades sociais, educacionais, culturais e esportivas oferecidas pela obra. A própria comunidade, que foi muito beneficiada pelas ações do Centro nos últimos trinta anos, encontra-se revoltada com a situação atual e chegou a elaborar um abaixo-assinado com centenas de assinaturas, pedindo providências à Diocese, sem êxito. Para o presidente da OAB/SE, Carlos Augusto Monteiro Nascimento, a reunião foi importante para serem apresentadas todas as informações relativas ao que era e como está o complexo criado e desenvolvido pelo padre Leeb. “Foi verificado com extrema tristeza e decepção o estado de abandono de uma obra criada com tanto amor, dedicação e desprendimento pelo missionário, que ajudou a desenvolver uma região que hoje é tão rica e com tanta importância para Sergipe. Esse contraste do que era e como está precisa ser analisado e a OAB irá manter contato com outras entidades, que poderão se somar como parceiras nessa busca pelo resgate do Centro, que visa, sobretudo, oferecer mais dignidade para o povo carente daquela região”, pontuou. A partir disso, segundo o presidente, haverá uma tentativa de diálogo com a Diocese de Estância, com o governador do Estado e com o prefeito de Estância. O assunto será ainda levado ao Conselho Federal da Ordem, que é parceiro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em diversas empreitadas, para que o estado de abandono seja revertido em um trabalho intenso de remodelação do Centro, especialmente para que todas as atividades sociais voltem a ser oferecidas. “Iremos verificar quais os caminhos jurídicos a serem adotados, mas antes de tudo, vamos optar por um canal de diálogo, de negociação, da busca de mais parceiros para, abraçados, desenvolvermos novas ações para distribuirmos para aquela população tão carente, mais dignidade”, afirmou Carlos Augusto. O secretário Geral da Somese, Lúcio Antonio Prado Dias, que publicou matéria no Portal Infonet há três meses, denunciando a destruição do Centro, com grande repercussão na comunidade alemã, também ressaltou a história de luta do missionário para a construção do Centro. “Como todos sabem, o padre Leeb fez uma obra transformadora na região centro-sul de Sergipe, e depois da sua saída, há quatro anos, o centro está, hoje, praticamente abandonado. Uma obra que foi maravilhosa e contou com o apoio dos governos da Alemanha, da Áustria e do próprio povo da região. O padre montou escolas, ofereceu esportes e agora estamos vendo a degradação de toda essa obra”, lastimou. De acordo com Lúcio Prado Dias, a reunião desta quinta-feira serviu justamente para ouvir o relato do padre e organizar uma frente de luta com entidades parceiras. “A partir de agora nasceu, de fato, um movimento visando criar todos os instrumentos para que possamos resgatar esta grande obra. Vamos dar andamento a esse processo, comandados pela OAB, e vamos definir uma estratégia, pois a obra foi entregue à diocese de Estância”, disse. “Seria muito bom resgatar essa obra até o próximo ano, principalmente porque, em 2014, comemoraremos os 80 anos do padre Leeb. O que existia antes era uma integração geral, educação, lazer, cultura, esporte e principalmente a fé e religiosidade daquele povo. É por isso que estamos empenhados, o centro é um patrimônio do povo daquela região e não pode acabar.”, disse.
(Adaptada de matéria do site da OAB)