Os médicos anestesiologistas, contratados pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), estão com os salários atrasados há quatro meses. Nesta terça-feira, 11, em audiência no Ministério Público Estadual (MPE), os médicos da Cooperativa de Anestesiologistas de Sergipe (Coopanest) denunciaram à promotora Alessandra Pedral os problemas enfrentados pelos profissionais nos hospitais do Estado, que não se limitam ao atraso nos salários, mas que atingem as condições de trabalho, que segundo eles, são precárias e colocam em risco a vida dos pacientes.
Segundo os médicos, além do número insuficiente de médicos trabalhando nas escalas, faltam monitores para o serviço e os locais de atendimento são inadequados. “Eu não sei como nossa categoria tem conseguido trabalhar no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), como ainda conseguimos salvar vidas”, afirmou o médico Marcos Albuquerque, presidente da Coopanest.
Na audiência, ele relatou que os médicos de Nossa Senhora de Lourdes, Capela, Itabaiana e Aracaju são os que mais reclamam da falta de estrutura nos hospitais, e disse que a FHS alega não ter dinheiro para pagar os salários atrasados.
“O Estado alega que não tem condições de pagar esse dinheiro. Ficamos até o momento sem contrato e sem salários. Ao logo desse tempo, são só reuniões e acordos que ficam só no papel. Nada é cumprido”, criticou ele, ressaltando que há anestesiologistas que continuam atuando para cobrir as escalas, mas sem contrato com a FHS.
Representantes da FHS que compareceram à audiência disseram que o pagamento dos salários referentes ao mês de junho está previsto para ocorrer até esta sexta-feira, dia 14, mas que não há previsão de quitação dos vencimentos dos meses seguintes.
Eles afirmaram ainda, durante a audiência, que o pagamento da produção dos anestesiologistas de março a agosto do ano passado, que também não foi paga pela fundação, teria ocorrido ontem. No entanto, o presidente da cooperativa informou ao site da Somese que até o final da tarde de hoje, nenhum valor havia entrado na conta da entidade.
Os anestesiologistas garantem que continuarão trabalhando, mas estabeleceram como prazo-limite o mês de novembro. “Nenhum colega vai deixar de trabalhar. A população pode ficar tranquila, pois durante o mês de outubro não haverá paralisação, e vamos atender todos os casos de urgência e emergência”, garantiu Albuquerque. Na sexta-feira, dia 14, ocorrerá uma nova audiência pública para que a fundação se pronuncie sobre o pagamento dos salários.
Para a promotora Alessandra Pedral, a situação dos anestesiologistas é grave. “Envolve uma série de problemas gerados pela FHS sobre esses profissionais. Temos um histórico de várias audiências tentando regularizar o problema, mas vemos aqui que a situação já está insustentável. É um débito muito volumoso com profissionais que estão trabalhando sem receber e a fundação não apresenta solução”, avaliou.