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Set 2011

Homem se acorrenta em Posto de Saúde

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O vendedor Jorge Santos é membro do Conselho da Unidade de Saúde Hugo Gurgel, localizado na Coroa do Meio, e na manhã desta segunda-feira, 5, tomou uma atitude radical, acorrentando-se ao portão central do Posto de Saúde Hugo Gurgel, localizado na Coroa do Meio, representando o protesto da comunidade contra o mau atendimento naquela unidade de saúde e contra a morosidade para marcação de exames.

A atitude de Jorge Santos nesta manhã é semelhante à da funcionária pública Ivania Alves dos Santos, de 32 anos, que, com problemas de artrose e dificuldade para marcar consulta médica ficou amarrada com um fio de aço na porta do posto de saúde do Japãozinho no dia 20 de julho do ano passado.

Nesta segunda-feira, 5, um grupo de moradores do bairro se concentrou na porta da Unidade de Saúde Hugo Gurgel, que ficou fechada por alguns momentos, no início da manhã. Quem se dirigiu ao posto de saúde teve dificuldade de atendimento. Além do portão central, que dá acesso ao posto pela rua Renato Fonseca, os manifestantes trancaram a garagem, com acesso pela rua Aloísio Campos, usando arames farpados, mas a direção do Posto retirou os arames, permitindo o acesso dos usuários pelo estacionamento da unidade de saúde.

O gesto do conselheiro da Unidade de Saúde Hugo Gurgel ganhou aplausos de muitos, mas também resistência de outros, que enfrentam problemas de saúde e queriam o atendimento, mesmo que precário. "Aqui sempre tem briga pelo atendimento. Meu marido já veio duas vezes para marcar um exame e não conseguiu. Primeiro veio pela manhã e a atendente disse que pela manhã não se marcava e então ele retornou ao meio dia e aí a atendente disse que só marcava pela manhã. Com isso, estamos prejudicados", denuncia a diarista Marlene Reinaldo Santos Pereira.

  A própria diarista também encontra dificuldades para marcar consulta a um oftalmologista. "Tem seis meses ou mais que sempre venho e eles só dizem que o agente de saúde vai a minha casa para informar a data do atendimento, mas nenhum agente nunca foi na minha casa", diz Marlene Pereira. "Só agora consegui marcar para o dia 15 de setembro porque fui falar com a Ouvidoria e aqui eles perderam meus papeis. (a requisição do clínico geral encaminhando para o especialista)", denuncia. "Aqui eles comeram os meus papeis (a requisição do médico) e eu tive que ir para Itabaiana para fazer meu exame de tireoide", revela a doméstica Gicelma Bispo. "Minha filha mora lá, em Itabaiana, e resolve tudo para mim. Se fosse depender desse posto aqui (o Hugo Gurgel) teria morrido", conta. A dona de casa Dalvani dos Santos também encontra a mesma dificuldade para marcar a revisão com o oftalmologista para a filha, uma adolescente de 16 anos, que é cadeirante. "Há mais de três meses que tento e não consigo marcar", diz.

 

Afastamento

A atitude do conselheiro de saúde em se acorrentar à porta do Posto de Saúde tem objetivo dirigido: o afastamento de três servidoras - de duas atendentes, a que trabalha na linha de frente do Posto de Saúde e a que distribui os medicamentos, além da diretora da unidade, Kelly de Oliveira Souza. "Precisei de um remédio e a mulher que fica responsável pela Farmácia disse que eu tinha que comprar, mas a enfermeira deixou o que estava fazendo e foi até a farmácia e conseguiu o medicamento que eu precisava", revela a diarista Marlene Reinaldo Santos Pereira.

A diretora do Posto de Saúde, Kelly de Oliveira Souza, colocou obstáculos para atender aos jornalistas que insistiam em ouvi-la sobre a manifestação dos moradores do bairro. Mas, em um momento, ela conversou com o Portal Infonet, por insistência da reportagem. Ela disse apenas que desconhecia as reivindicações do grupo e considerou que seria uma manifestação isolado do conselheiro de saúde. "Não estou entendendo (a atitude de Jorge Santos em ficar acorrentado na porta do Posto), não sei de fato o que ele quer", disse. "É uma reivindicação pessoal, ele é que tem problema com a gente porque ninguém mais reclama", completou.

A diretor informou que já havia entrado em contato com gestores da Secretaria Municipal de Saúde e que estaria aguardando a presença de alguém na unidade para solucionar o problema. O vendedor Jorge Santos revelou que só se desamarraria da porta do Posto quando o secretário Sílvio Santos chegasse para negociar o afastamento das três servidoras. "Eles disseram que Sílvio Santos está viajando, mas que mande o substituto para negociar com a gente", reagiu o vendedor.

Membros da Guarda Municipal chegaram ao local e ficaram em posição estratégica com o objetivo de preservar o patrimônio da Secretaria Municipal de Saúde e tentaram negociar a abertura do portão, mas não tiveram êxito. No momento, a informação é que assessores da Secretaria Municipal de Saúde se dirigiram ao Posto para encontrar a solução.

Por Cássia Santana

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