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Outros médicos também assinaram o documento onde consta o aviso prévio de 30 dias, para que nenhum paciente fosse internado até a regularização, pois alguns médicos já pediram demissão. Segundo o conteúdo da carta, após seis anos de serviço a assistência aos pacientes deverá ser interrompida por motivo de desgaste dentro do setor cirúrgico.
Segundo João Vianney os médicos pediram demissão porque não há condição para realizar as cirurgias vasculares. "Falta material, prótese, as cirurgias só são realizadas pela manhã, porque a tarde não há instrumentador, na sala de cirurgia a mesa e o foco cirúrgico são inadequados", expõe João Vianney.
Criado em 2005 com o objetivo de ser um instrumento de prestação de serviços para os pacientes com enfermidades vasculares e pacientes com diagnóstico de pé diabético isquêmico, nos últimos dois anos, o ambulatório teria diminuído drasticamente sua capacidade de atendimento por falta de médicos.
Entretanto, o diretor do Cirurgia, Gilberto dos Santos, alegou que o hospital desfruta de umas das melhores estruturas no setor de saúde em Sergipe. "Duvido que haja outra unidade de saúde nesse Estado que preste o serviço dado pelo Sistema Único de Saúde e que esteja atendendo com a qualidade e com a eficiência que nós estamos oferecendo", diz Gilberto dos Santos.
TUDO NOVO OU REFORMA MEIA BOCA?
O diretor o hospital alega que o serviço de cirurgia vascular passou por uma reforma em julho de 2010 e encontra-se estruturado. Na carta ele relata que a unidade de saúde possui alta capacidade de atendimento e é considerada como referência em realizações de cirurgias em Sergipe.
"Eu posso lhe assegurar que este é o melhor setor do nosso hospital e eu não tenho nenhuma equipe fazendo as mesmas reclamações que estão registradas numa carta como essa. Ou seja, ou realmente nós temos um problema estrutural grave e aí nós teremos que fechar o Hospital Cirurgia, ou é a necessidade de repensar o que está escrito", diz Gilberto dos Santos.
Porém o coordenador do serviço de intervenções cirúrgicas vasculares diz que a mudança estrutural só aconteceu na parte externa e que dentro das salas de cirurgia o cenário é outro. O médico ainda expõe que na Unidade não há ambulatório pós-cirúrgico e que antes este tipo acompanhamento era realizado no Centro de Especialidades Médicas - Cemar.
"Não há ambulatório pós-cirúrgico e, assim não temos como realizar uma análise após a operação. Com isso, a avaliação fica agendada depois de três meses, o que não pode acontecer, pois o acompanhamento médico tem que ser após uma semana de operação", revela João Vianney.
REAJUSTE SALARIAL
Na carta, João Vianney também expõe que além da estrutura hospitalar não corresponder à assistência aos pacientes com patologias vasculares, a remuneração dos profissionais cirurgiões não sofreu aumento desde que o serviço foi iniciado. Ele afirma ainda, que durante 48 meses inúmeras tentativas de reformulação do serviço foram feitas junto à direção do hospital, embora sem sucesso.
"Infelizmente não podemos pactuar com a continuidade de um serviço que não oferece um nível mínimo de qualidade no atendimento aos pacientes vasculares e com a insatisfação dos profissionais médicos que não são coniventes com as graves falhas estruturais", lamenta João Vianney Nóbrega.
Contrário à opinião, o diretor do hospital diz que o salário oferecido é equivalente a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos - CBHPM -, que define valores mínimos para a cobrança de procedimentos e consultas.
"Coloco aqui o que citei na carta de resposta. Eu ofereci para eles que o Hospital Cirurgia pague um valor equivalente em serviços a aquilo que o setor privado paga, mas eles não aceitaram. Eu não posso pagar mais do que o referencial do quadro do setor privado, ainda mais sendo um serviço que atende ao Sistema Único de Saúde -SUS", justifica Gilberto dos Santos.
CORPORATIVISMO
O diretor do Hospital Cirurgia informou que as conversas irão continuar com os profissionais de saúde para tentar averiguar o que está acontecendo. "Se na carta realmente apresenta essa deterioração ou eu tenho que pedir a minha conta e ir embora juntamente com o restante do corpo clínico do hospital; e pedir para que outro síndico ocupe a minha vaga, ou há a necessidade de se repensar o que está escrito. Não obstante a isso, nós estamos abertos a conversas para poder equacionar porque no fundo, ao meu entender o problema é corporativo", interpreta Gilberto dos Santos.
Fica lançado o impasse entre o corpo clínico que solicita a reformulação salarial e a estrutura dentro das salas de cirurgia e a direção do hospital que entende a problemática como uma questão corporativista por ser tratar de uma solicitação salarial.Matéria publicada no Cinform Online (www.cinform.com.br)