Estado pretende implantar mais um BLH, mas não sabe quando
Em um universo de 75 municípios, apenas três bancos de leite humano se esforçam para dar conta de uma missão quase impossível no Estado: a de promover e incentivar o aleitamento materno, coletar, processar e controlar sua qualidade e, então, distribuí-lo sob prescrição médica ou de nutricionista. Na capital, Aracaju, o Banco de Leite Humano Marly Sarney existe há 23 anos. Atualmente, funciona na antiga Maternidade Hildete Falcão e é referência para Sergipe. No interior, o município de Lagarto conta com BLH Zoéd Bittencourt, implantado em 2006 e localizado anexo à Maternidade São Zacarias. Em Itabaiana, o BLH Irmã Rafaela Pepel foi instalado na Maternidade São José, único Hospital Amigo da Criança do interior sergipano. Vale lembrar que é meta do Ministério da Saúde reduzir a mortalidade infantil no país. E que está comprovado que o aleitamento materno exclusivo é capaz de restringir em até 13% o número de morte em crianças com menos de um ano de vida. De acordo com a enfermeira Adriana Andrade, do Zoéd Bittencourt, um dos principais problemas enfrentados pelo BLH é a falta de doadoras. "Apesar de realizarmos um trabalho educativo com grupos de mulheres que se encontram durante a gestação, em março houve somente dez doadoras", explica Adriana. DIFICULDADES Já o BLH Irmã Rafaela Pepel, em Itabaiana, conta com 80 doadoras cadastradas. Segundo a assistente social Márcia Cunha, cerca de 350 bebês são atendidos mensalmente e alimentados até o sexto mês de vida com leite materno exclusivo. "Pausterizamos, em média, 160 litros de leite por mês", informa. Márcia acrescenta que as principais dificuldades enfrentadas pelo BLH estão concentradas nos poucos equipamentos e também no transporte disponibilizado apenas uma vez por semana. "Durante esses cinco anos não tivemos nenhuma ajuda do Estado, mas recentemente a Maternidade recebeu a visita do atual Secretário de Estado da Saúde, que nos prometeu uma ajuda em diversos aspectos", diz Márcia. Apesar dos pesares, a gerente do BLH Marly Sarney, enfermeira Hélia Carla Agapito, garante que a Rede Sergipana de Bancos de Leite melhorou nos últimos anos, considerando que os antigos postos de coleta de Itabaiana e de Lagarto evoluíram para bancos de leite. MAIS UM BANCO "Também contamos com um posto de coleta de leite humano no Hospital Santa Izabel", informa Hélia. A enfermeira acrescenta que existe um planejamento estratégico para a implantação de mais um banco de leite e outros três postos de coleta no Estado, mas ainda não se sabe onde nem quando isto acontecerá. Hélia Agapito acrescenta que em todo o país há 200 BLHs e mais de 100 postos de coletas implantados, registrados e cadastrados no Instituto Fernandes Figueira - IFF -, no Rio de Janeiro, responsável por manter a Rede. O médico Ricardo Gurgel, vice-presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria, ressalta a grande importância dos BLHs e lembra que todos devem estar vinculados às maternidades referências - que dão total apoio às crianças de risco e que, portanto, precisam de leite materno. "O BLH de Aracaju dá cobertura para duas maternidades de risco (a Santa Isabel e a Nossa Senhora de Lourdes). Para a implantação de novos BLHs, é necessário saber quais são os hospitais de referência e se eles tem suporte para receber os bancos", orienta Gurgel. Fonte: Jornal Cinform