As entidades médicas de Sergipe e todas as lideranças de classe estão convocando os médicos para comparecerem nesta segunda-feira (25 de janeiro), a partir das 14 horas, na sede da 8ª DP, para uma manifestação de desagravo aos médicos denunciados na Polícia pelo Governo de Sergipe, através da direção técnica do Hospital João Alves. Eles foram intimidados a prestar depoimento nesta data e local. A Delegacia fica localizada próxima ao Hotel MEPS, na saída da cidade. O Governo de Sergipe preferiu o caminho da radicalização na questão envolvendo os médicos que não compareceram aos plantões de final de ano, no Hospital de Urgência Governador João Alves Filho. A diretora técnica da instituição, médica Lycia Maria Diniz Mendonça, insatisfeita com a falta de profissionais aos plantões por motivo de doença, prestou um Boletim de Ocorrências contra nove médicos, alegando que os mesmos agiram de forma irresponsável, numa ação que foi condenada por todas as entidades médicas e até pelo próprio Governador, em entrevista concedida no Portal Infonet nesta quinta-feira(21/01/10). No entanto, segundo levantamento da assessoria jurídica do Sindimed, dos médicos denunciados cinco já estavam com seus contratos encerrados desde novembro e um deles se encontrava de licença médica desde o início de dezembro de 2009. De fato, dois médicos apresentaram atestado na semana de seus plantões, alegando problemas de saúde e o último médico denunciado, pasmem os senhores, chegou a trabalhar normalmente no seu plantão escalado, não se sabendo de fato as causas que levaram à inclusão de seu nome na lista. O lamentável episódio, que está sendo motivo de sindicância pelo Conselho Regional de Medicina, demonstra claramente a incompetência, o despreparo e o desespero dos gestores da instituição com a grave crise por que passa aquela instituição hospitalar, que vem apresentando carência crônica de médicos há muito tempo por absoluta incapacidade dos dirigentes em oferecer vínculos trabalhistas legais com adequada remuneração e condições apropriadas para um atendimento seguro e de qualidade por parte dos profissionais. Por sua vez, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde, demonstra claramente que não está preocupado em valorizar a classe médica de Sergipe e revela toda a sua incompetência para gerenciar a crise, atribuindo a responsabilidade de todas as mazelas do combalido serviço público de saúde estadual aos médicos. Já acusou pediatras de mercenários e anestesistas de crime de cartel, ou seja, são insensíveis, prepotentes, com manifestações reiteradas na imprensa com o objetivo de jogar a opinião pública contra a classe. Isso vem acontecendo porque os atuais gestores estaduais de saúde em Sergipe não são verdadeiros discípulos de Hipócrates, nunca exerceram a digna profissão de médico, nunca deram plantões em urgências, UTIs, ou sequer atenderam em ambulatórios e postos de saúde. Sabem ser sim, frios burocratas à busca de resultados estatísticos, vangloriando-se de construtores de dezenas de novos hospitais e unidades de atendimento, sem no entanto buscar resolver definitivamente a questão dos seus recursos humanos. Porque ao invés de construir tantas unidades de saúde não se usou o recurso para comprar mais um aparelho de radioterapia? São mais de 200 sergipanos, pessoas com câncer, na fila, perdendo tempo, morrendo. Só temos um aparelho de radioterapia (que não pode quebrar), quando deveríamos ter pelo menos 3. Sim, governador, embora Vossa Excelência não tenha gostado da comparação, o Dr. Petrônio está certo. Com todo o respeito e apreço ao povo caribenho, o Haiti é mesmo aqui, está bem ali, na Av. Tancredo Neves, e se chama Hospital de Urgência de Sergipe.